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Liberdade ... nem que seja por um dia!

por Hugo Gomes, em 10.07.24

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Assim, quanto mais pensava, mais coisas esquecidas ia tirando da memória. Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia poderia sem custo passar cem anos numa prisão. Teria recordações suficientes para não se maçar."
- Albert Camus, em "O Estrangeiro" (Livros do Brasil - Dois Mundos) Tradução: António Quadros.

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publicado às 19:57

Nem comunista, nem cristão ...

por Hugo Gomes, em 06.07.24

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All free? Free my ass. What are you, a fuckin' commie? Huh?

No, I ain't no commie.

Well, you better not be. I don't want no commies in my car. No Christians either.

- Harry Dean Stanton e Emilio Estevez em "Repo Man" (Alex Cox, 1984)

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publicado às 16:21

Atores? Sempre a mesma coisa!

por Hugo Gomes, em 19.06.24

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Luís Miguel Cintra em "Ilusão" (Sofia Marques, 2014)

Fico horrorizado quando vejo que há escolas para ser ator de cinema porque acho que ser ator de cinema, ser ator de teatro, ser ator de televisão é, basicamente, sempre a mesma coisa. É a construção de gestos, de frases, de atitudes, de situações, etc., pela imaginação do ator. Como é que essa imaginação depois se comporta, que ordens dá ao corpo e à voz …? Depende da inteligência, da sensibilidade, da imaginação de cada um.

Luís Miguel Cintra, entrevistado por José Manuel Costa para o livro “Luís Miguel Cintra: O Cinema” das Edições da Cinemateca

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publicado às 22:56

Proteger orquestras como espaços nossos

por Hugo Gomes, em 18.05.24

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Só pela palavra o espírito da vida se manifesta. Mas os habitantes de uma minúscula cidade são como uma orquestra ensaiada até a um certo limite. Só executam sem erros e a compasso os trechos que conhecem. Qualquer som que lhes seja estranho é desprovido de harmonia para os seus ouvidos. Calam-se assim que o ouvem."
- E. T. A. Hoffman, “A Igreja dos Jesuítas (“Contos Fantásticos”, editora Atena) tradução: Rui Almeida

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publicado às 21:12

Quem tem pássaro tem medo ...

por Hugo Gomes, em 30.01.24

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(...) e passarinho que come pedra sabe o cu que tem.

Hilda Hilst, "A Obscena Senhora D e outras Histórias" (edição Companhia das Letras)

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publicado às 11:52

Modernidades revisitadas

por Hugo Gomes, em 26.01.24

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A História antiga é obscura por falta de documentos. na modernidade, eles abundam (...)


Gustave Flaubert, "Bouvard e Pecuchet" (tradução: Pedro Tamen) / edições E-primatur

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publicado às 22:05

Lágrimas de homem ...

por Hugo Gomes, em 11.10.23

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Um homem de trinta anos que chora, ou é um imbecil ou é um poeta (....)
Agustina Bessa-Luís, A Sibila (editora Relógio D'Água)

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publicado às 08:41

O fogo da tentação no coração

por Hugo Gomes, em 06.10.23

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Virgílio Teixeira em "José do Telhado" (Armando de Miranda, 1945)

A verdade é que entre o povo a noção de propriedade está por demais arraigada para que um ladrão, por mais heróico ou altruísta, não seja julgado como infame. Um assassino é tolerado, pode partilhar o pão dos seus vizinhos, pode fazer esquecer o seu crime. Um ladrão lega a toda a sua descendência um ferrete indelével, porque, se o homicida as mais das vezes obedece a uma paixão, um impulso resgatável e quase nunca repetido, o ladrão traz no sangue, e assim o comunica, o fogo da tentação que as circunstâncias, mais ou menos, ou velam ou expandem. Esses fabulosos capitães-bandoleiros que o vício romântico faz mártires e faz glórias nacionais não passam entre os seus conterrâneos senão por homens cujas virtudes foram reduzidas a instrumentos de perdição e de crime. Admiravam José do Telhado, pasmando das suas fugas insólitas, a coragem carniceira que o fazia coser com a agulha de castrador o próprio ventre anavalhado; louvavam a sua generosidade, comum a homens de tal tipo, que acabam por se explicar como reformadores sociais e se fanatizar contra a lei, mas o povo não lhe perdoava a quebra de confiança a que o obrigava, nem a traição que desse facto, mutuamente, resultava.

Agustina Bessa-Luís, “A Sibila” / edição Relógio d’Água

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publicado às 18:47

Rir, porque morrer é inevitável

por Hugo Gomes, em 22.08.23

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Não conheço melhor definição do trabalho do humorista. Fazer com que as pessoas se riam desta ideia: por mais que façam, vão morrer. Fornecer-lhes uma espécie de anestesia para esse pensamento. É um ofício belo, nobre, indispensável e inútil: sim, o riso tem o poder de esconjurar o medo, mas só durante algum tempo, talvez apenas durante o tempo que dura a gargalhada, às vezes, nem tanto.

Ricardo Araújo Pereira, “A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar: Uma espécie de manual de escrita humorística”, publicado pela Tinta da China

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publicado às 18:56

Golpe escrito

por Hugo Gomes, em 16.06.23

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Nenhum escritor gosta de complicar seja o que for, e ainda menos de simplificar. A certeza do golpe está nesse rigor (...) e o seu martírio"
- José Cardoso Pires, O Delfim

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publicado às 21:52


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